sexta-feira, 14 de abril de 2017

Lídia: A pequena flor de cerejeira

Lídia:
A pequena flor de cerejeira

Já se passava da meia noite e eu continuava a tentar entender tudo o que aconteceu. Tão rápido e intenso que não tive como prever como acabaria aquele dia.
Seus olhos percorriam meu corpo como água percorre um rio. Eu me vi em seu olhar tão instigante e quis ser despida por ele.
Me questionava o porquê de tal desejo vindo der repente. Assim sem perceber, me deparei com a seguinte situação: Estou apaixonada por alguém que mal conheço.
Tudo começou com uma ida a uma Feira de Animes. Sempre tenho costume de comprar alguns exemplares de Mangás, mas, neste dia estava tão distraída com tantos fascículos em promoção que quis levar vários.
Ao tentar ir ao caixa não percebi que ele vinha em minha direção. Nos barramos. Ele me pediu desculpas e sem graça pegou os mangás caídos no chão. Dava para ver seu rosto vermelho de vergonha. Mal pude perguntar seu nome. Porém, não pude deixar de notar sua fisionomia. Tímido e atraente. Sem dúvidas estava solteiro pois não tinha uma aliança em seu dedo. Continuei a curtir o dia.
Na manhã seguinte na faculdade, estava atrasada para a aula de Saúde Coletiva. Tinha certeza de que não conseguiria chegar a tempo e com certeza Professora Milena não me deixaria entrar. Ao passar como de costume pela portaria não reparei que estava havendo festividades de boas-vindas. Estava tão preocupada com o segundo semestre que não prestei atenção ao redor. Ao ver que já tinha gente na sala comecei a ficar preocupada. Vendo a minha aflição, um garoto me parou no corredor e me questionou o que estava acontecendo. Eu sem graça o respondi. Ele me ajudou distraindo a Professora enquanto eu ia para o fundo da sala. Consegui assistir as aulas.
No fim do dia, já na última aula. Ele entrou na sala e se apresentou. Era nada mais do que o Professor de Desenvolvimento Humano. O nome dele era Otávio. Aparentava ter menos idade do que realmente tinha. Enquanto se apresentava percebi que algumas mulheres da minha sala o provocavam com perguntas maliciosas.
Contudo, ele desviava sempre com elegância e educação as investidas muito mais do que explícitas das alunas. Durante a apresentação seus olhos não desgrudavam de mim. Era como se quisesse me devorar, despir e tocar sem ser notado.
Eu quis fazer teu corpo somente meu, mas, não tinha coragem. Após as aulas fui para a biblioteca. Tinha ganhado um livro de presente do meu Pai, porém, estavam no gabinete. Entrei tão alegre e afoita que não consegui perceber. Otávio estava na sala. Ao me ver ele perguntou o que fazia lá. Não consegui desviar meu olhar da sua boca. Quis destrancar a porta enquanto ele vinha em minha direção, mas, não resisti. Era como se algo em mim também quisesse que ele me beijasse. Seus lábios eram macios e doces como uma uva colhida a mão. Relutei aos seus encantos, mas já era tarde. Ele tinha me tomado em seus braços. Enquanto me beijava, descia sua mão sobre meu corpo. Meu coração acelerava e minhas pernas tremiam. Eu quis falar, porém fugiam as palavras enquanto sua língua dançava com a minha boca. Antes que fossemos tão longe, eu disse sem hesitar que precisava ir.
Sai da sala, contudo minha mente ainda estava lá com ele.  Eu andava para frente, mas seu olhar tão provocante não sumia da lembrança. Enquanto chegava em casa o telefone tocou. Era meu Pai. Ele tinha ido à biblioteca e não tinha me encontrado. Eu disse que tinha chegado antes dele e o esperei, mas ele não chegava e então fui embora. Fui tomar banho e enquanto me banhava, sentia as bolhas de espuma deslizando sobre meu corpo. No meio de todo aquele vapor por um instante cheguei a pensar que Otavio estava a me acariciar.

Na manhã seguinte, parecia ter sido só um sonho. Porém Diego um dos meus amigos entregou para mim um livro. Era um livro de recortes onde ele tinha colocado várias fotos e lembranças nossas. Éramos amigos a muitos anos. Tanto tempo que nem me lembro de algum momento importante da minha vida sem ele. 

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